Escalpe lipedematoso: a oportunidade singular de diagnósticos raros na APS
Resumo
Introdução: A Atenção Primária é estigmatizada como serviço de diagnósticos simples e condutas protocolares, apesar de sua complexidade. Escalpe e alopécia lipedematosa são doenças raras, com cerca de 48 casos relatados internacionalmente desde 1935. A maioria dos pacientes é do sexo feminino, porém não há preferência étnica ou etária. Sua fisiopatologia é incerta, apesar de teorias sobre influência hormonal.
Objetivos: Relatar o caso de uma mulher com escalpe lipedematoso, cujo diagnóstico foi feito durante uma consulta de rotina para Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS), na Unidade de Saúde da Família (USF) onde é acompanhada.
Metodologia ou Descrição da Experiência: Foi feita anamnese e exame físico da paciente em questão, além de pesquisa bibliográfica em revistas científicas, para afastar possíveis diagnósticos diferenciais. Foram solicitados exames complementares, para confirmar a espessura do couro cabeludo e o conteúdo adiposo, porém ainda aguardamos a liberação de vaga para a realização do exame em rede pública.
Resultados: Mulher, 46 anos, em tratamento para HAS essencial, em consulta de rotina queixou-se de sensação de “agulhadas” em couro cabeludo há cerca de um ano. Ao exame, há sensação de couro cabeludo esponjoso em toda região temporoparietal e occipital, sem alopécia. Não haviam sinais inflamatórios ou massas na região. O principal diagnóstico diferencial, Cutis verticis gyrata, é pouco provável pela ausência de circunvoluções na pele do escalpe. Tem hemograma completo e bioquímica sanguínea normais. Como não há critérios definidos para o diagnóstico, optamos pela solicitação de uma tomografia computadorizada de crânio e ultrasonografia de subcutâneo na região do escalpe, e aguardamos os resultados.
Conclusão ou Hipóteses: As USF, acessíveis e próximas à população, são o 1° contato com o serviço de saúde. Seus profissionais estão em posição estratégica para especializar-se na epidemiologia de sua população, mas também para diagnosticar condições raras. Porém, esbarram na falta de suporte da rede, com pouca disponibilidade de exames complementares, especialistas e outros, dificultando diagnóstico e seguimento.
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